Mineira de nascimento , fui para São Paulo com apenas 4 anos. Minha mãe amava as artes , e escolheu para minha formação a escola Rudolf Steiner, a Waldorf.  A escola  me apresentou todo um universo de possibilidades ligado às artes em geral, artes visuais, música, teatro. Paralelo à isso eu freqüentava desde os 13, 14 anos um curso de artes com uma encantadora senhora alemã chamada D. Hilde. Lá fazíamos peças de madeira, pintávamos e também aprendi a esmaltação em metal. Foi meu primeiro contato com o metal, me apaixonei! D. Hilde me incentivava e dizia que eu tinha olhos nas mãos, acho que foi um dos  elogios mais lindos que recebi.  Foi onde tudo começou.  

A escola oferecia cursos profissionalizantes e a minha escolha foi ourivesaria. Me encantei pelo trabalho em metal, suas possibilidades, a dureza que se molda e se adapta e que se transforma pela ação do fogo. De algo tão duro e trabalhado por vezes de forma até mesmo bruta com martelos e serras, e que resulta em um ornamento tão delicado e tão sedutor. Ao concluir o ensino fundamental fiz aulas com Miriam Korolkowas e Ricardo Mattar entre outros. 

Aos 22 anos engravidei de meu filho e logo comecei a trabalhar profissionalmente com a joalheria para dar conta de todas as responsabilidades. Meu filho foi e é meu maior incentivador, sempre me impulsionando, e me trazendo novas sugestões e ideias.

 No início dei aulas na escola de joalheria de Miriam Mirna Korolkowas e fazia peças para outras marcas de jóias. Aos pouquinhos fui desenvolvendo meu próprio estilo e identidade e sem que me desse conta estava criada a minha marca, portanto a data não é muito precisa mas elegi o ano de 1986. Desde então venho me dedicando ao ofício da ourivesaria assim como ao trabalho como designer, buscando sempre o design diferenciado das joias, as formas e materiais diferentes e inovadores. Sentindo necessidade de incluir colorido às peças usei por um longo tempo a esmaltação. Detalhes em cobre nas joias em prata, marcam presença em muitas coleções desde 1994, assim como detalhes em ouro amarelo e vermelho, um caminho ao qual me identifiquei  e que hoje já faz parte do DNA da minha marca.

​

Em 2000 decidi  sair de São Paulo com meu filho ainda pequeno e buscar um novo estilo de vida, me mudei para um pequeno vilarejo na região serrana no estado do Rio de Janeiro, lugar rodeado de muito verde e lindas cachoeiras em meio à mata Atlântica onde mantive meu atelier por muito tempo. Mas a vida tem muitos ciclos e senti que meu tempo por lá estava no final. Nesta época tinha uma pequena loja no vilarejo e minhas peças eram vendidas em várias lojas em São Paulo e Rio de Janeiro, entre elas a loja do MAM em São Paulo e a loja Novo Desenho no Rio. Além disso ainda  participava de  feiras de moda e design por todo o Brasil.

Tudo isto estava me demandando muita energia. Foi então que decidi voltar para a cidade e minha escolha foi retornar à minha terra natal, Belo Horizonte.(Ha! entre a minha ida em 2000 para região serrana  e a volta para BH tiveram 5 anos em Florianópolis, período difícil, mas isto é outa história! )

​

 Me mudei para BH em 2019 cheia de vontade e energia para começar um novo ciclo. Foi então que veio a pandemia. Lojas fecharam, feiras deixaram de acontecer e foi muito difícil para todos, mas esta história vocês  conhecem!

A situação se tornou muito difícil e busquei uma saída. Foi quando soube de um movimento lindo que estava no inicio aqui em BH, o Velho Mercado Novo. Negócios cheios de identidade, locais e autorais começaram a  ocupar um mercado praticamente abandonado, o Mercado Novo. Consegui um ponto e em plena pandemia , final de 2020 abri minha loja - atelier. Foi um projeto lindo feito com muita dedicação e muito trabalho. Sigo crescendo, acreditando e fortalecendo minha marca sempre com muito amor e dedicação.

​

 As joias são desenhadas e executadas com cuidado, delicadeza e respeitando os conceitos de sustentabilidade, consumo consciente e o tempo necessário e essencial  para a execução de uma peça com qualidade. Procuro  criar  peças com significado, que possam ser usadas por muito tempo e continuarem atuais, Penso a joia como um objeto de vestir.  Uma joia cuidadosamente escolhida, marca a nossa presença, nosso estilo e personalidade. De certa forma ela passa a guardar e a contar um pouco a história de nós mesmas. Acho que isso define o que busco em meu trabalho, criar  peças que ajudem quem as use a contar um pouco da sua própria história.   

​

Marisa